Confira o texto que a Marina, do RH, sugere para essa semana!
Entre o sonho e a ação – O que podemos aprender com a neurociência e o espiritismo
Por Paulo Amorim / CEO – CENEX Centro de Excelência Empresarial
São 3h da manhã de uma terça-feira, sou despertado subitamente com a mente cheia de novas ideias, projetos, frases e informações que não posso perder. Como já aprendi por experiência, pego a caneta e o papel que estão ao lado da cama, acendo a luz e começo a registrar o que vem à mente.
Deito e tento dormir, a mente continua “girando”, criando em cima das ideias que recebi, novos insights vêm, alguns dos projetos começam a tomar forma, penso em possíveis alternativas, parceiros, formatos e decido então ir para a fase 2 da minha aprendizagem sobre coisas que ocorrem durante o sono: levanto, vou para meu escritório, ligo o computador, abro um editor de texto e começo a dar forma a tudo que pensei.
Interessante que só neste tempo entre o primeiro despertar e o início de um registro, digamos, mais formal, algumas pontas se perdem e definitivamente nunca mais retornam. Mas em geral vou conseguindo captar as informações, pesquiso em ferramentas de busca, sites e tudo vai se consolidando.
Por volta das 4h40 envio uma mensagem pelo WhatsApp para dois parceiros dizendo que pensei em alguns projetos e que “amanhã” gostaria de compartilhar com eles. Imaginem, às 4h42 eles me respondem: “Acordamos também há aproximadamente uma hora e estamos aqui conversando e registrando nossas ideias e pensamentos neste exato momento”.
Ficamos tentados a iniciar imediatamente uma reunião. Decidimos então que seria melhor não ir em frente naquele momento, primeiro porque não faria sentido começarmos a nos reunir nas madrugadas (não foi e nem será a primeira vez que este tipo de fato ocorre), e segundo pelo fato de serem ideias importantes, ideias que precisavam ser capturadas sem que fossem perdidas ao acionarmos o modo “executivo/racional”. Agendamos então uma conversa virtual para o “outro dia”, lá pelas 10h da manhã.
Muito já perdi no passado porque decidi não anotar as ideias que surgem durante o sono, simplesmente pensando: “quando acordar eu anoto”. E elas nunca mais voltaram. Outras vezes as perdi por preguiça de me levantar ou até para evitar acordar e não conseguir dormir de novo.
Hoje já entendo um pouquinho mais o que acontece em nosso cérebro, estou fazendo uma especialização em neurociência e psicologia aplicada (ainda em andamento, com meta de titulação para o final de 2021), mas já posso compartilhar alguns aprendizados.
Estudos do campo da neurociência afirmam que o hipocampo, uma estrutura localizada nos lobos temporais de nosso cérebro, tem uma função chave em gerar e guardar memórias. Quando dormimos, ele seria a última área a “adormecer” e, ao acordarmos, a última a “despertar”, ainda que se saiba que, na prática, ele continue ativo durante o sono, com funções relacionadas à consolidação das memórias que captamos durante o dia.
Exatamente por essa estrutura estar focada nessa atividade é que ela não consegue registrar novas informações que possam surgir durante a noite de sono. Muitas até ficam por lá, mas com uma duração muito pequena.
Por esta e várias outras razões (por exemplo, queda na produção de neurotransmissores ligados à retenção de informação) é que “perdemos” as ideias e pensamentos geradas muito rapidamente, ainda mais quando não decidimos, ao despertar, registrá-los.
Detalhe: se for escrever, tome cuidado. Já foram muitas as vezes em que anotei e depois não consegui entender nada do que escrevi – chamo isso de minha maravilhosa letra do sono.
O espiritismo acredita que a glândula pineal, que fica no epitálamo, uma região central do nosso cérebro, entre o hemisfério esquerdo e direito, tem uma função sensorial ampla e responde pela captação de mensagens e informações do plano espiritual, atuando como um canal de comunicação com nosso corpo.
A ciência também está analisando as funções da glândula pineal, pesquisadores buscam confirmações sobre ela ter um papel na conexão com nossa alma.
Segundo o médico cirurgião Décio Landoli Júnior, presidente da Associação Médico-Espírita do Mato Grosso do Sul, em breve teremos evidências científicas que mostrem a importante função dessa estrutura na percepção de campos eletromagnéticos. Aliás, segundo ele mesmo cita em entrevista dada ao Lar de Frei Luiz (https://www.lardefreiluiz.org.br/post/glândula-pineal-preciosa-antena-de-contato-com-a-alma):
“Nostradamus e René Descartes já citavam a pineal como uma antena ou ponto de contato com a alma; na literatura espírita, temos o texto de André Luiz que nos relata o trabalho da “epífise”, nomenclatura antiga para a pineal, como estrutura fundamental para a mediunidade…”.
Segundo a doutrina espírita, novas ideias, projetos, produtos, criações, inovações e pensamentos estão no plano espiritual aguardando o momento em que podem ser “enviadas” para o plano terreno, e é durante nosso sono que essa “antena” capta essas ideias e as passa para a nossa mente. Mas elas não chegam para uma única pessoa, e sim para várias, afinal, o objetivo é que alguém seja capaz de não somente captar, mas também de colocar em prática o que recebeu.
Talvez daí venha aquele sentimento que muitas vezes temos de que algo que pensamos ou idealizamos foi exatamente igual ao que foi desenvolvido e implementado por outra pessoa. “Perdemos o ‘timing’”, dizemos como explicação.
Bem, enquanto os neurocientistas e espíritas estudam, analisam e pesquisam essas funções tão maravilhosas e a cada dia fazem descobertas importantes, a pergunta que fica é: o que fazer com esse conhecimento neste momento, no agora?
Duas dicas que quero compartilhar com você:
1) Registre as ideias e pensamentos quando surgirem durante seu sono (todas as que você receber, pois isso nem sempre ocorre) antes que você as esqueça ou que elas desapareçam;
2) As ideias não chegam somente para você, outras pessoas também a estão acessando, então você precisa tomar uma decisão sobre o que estás recebendo: passe para a frente, para outra pessoa, abandone, desconsidere para que não vire uma frustração futura, ou aja.
Tenha em mente que sonhos, ideias e pensamentos só se concretizam quando transformados em ações, quando executados. Empreendedores sabem disso, negócios jamais se consolidam quando ficam na esfera da idealização, eles se consolidam porque alguém foi lá e fez acontecer.
E lembre-se: você não precisa ir sozinho nessa jornada. Quem sabe algum conhecido, parceiro, amigo ou parente tenha recebido insights semelhantes aos seus em outro momento ou até irá receber mais para a frente? Compartilhar também é um excelente caminho, aliás, foi o que fiz, entre três e cinco horas da manhã.
Compartilhar ideias amplifica e potencializa as possibilidades. Guardá-las somente para si, ainda mais sem nenhuma ação, só tenderá à obsolescência ou frustação, já que alguém mais poderá desenvolver e implementar algo que também estava com você.
É isso. 2021 chegou e vai trazer muitas oportunidades. Algumas nós vamos encontrar, seremos convidados para participar, e outras “vão chegar” para nós. Espero que você possa identificá-las, decida partir para a execução, para a ação, e tenha excelentes resultados. Quem sabe não nos encontramos em breve por aí, nessas conexões neurais, espirituais e universais tão fundamentais para a realização de nossa essência de “ser” humano. Até mais!
Fonte: https://www.linkedin.com